sexta-feira, 24 de março de 2017

Fechados em si mesmos

Sobre as relações e relacionamentos...
No senso comum, nos preocupamos apenas com o que diz respeito a relações amorosas. Mas esta discussão vai muito mais além.
É de ciência que toda relação deve ser entendida com 50% de responsabilidade para cada, quando há distorções disso, certamente é sinônimo de problemas.
Isso falando de porcentual objetivo, intimamente ligado a ação prática.
Mas a coisa fica feia mesmo quando a questão passa para o campo subjetivo do sentimento, quando o sentimento e só ele embasa uma relação,  sem que haja solidez em ações, parceria e principalmente de via de mão dupla.
Tenho uma teoria que a telenovela e o período histórico chamado Romantismo tenham grande participação nisso, pois tornou o ser humano alguém individualista, fechado em si mesmo e incapaz de compreender o que vai além de sua zona de conforto... Por mais didática e pedagógica que as pessoas ou as experiências de vida tenham sido.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Sobre o clipe "Eu escolhi você" de Clarice Falcão

Mais uma vez sobre o clipe da Clarice Falcão, “Eu escolho você” - agora de forma mais completa pois notei que só dizer “gostei e não gostei” não é o suficiente.
Antes precisamos esclarecer que uma obra de arte não está submetida a opiniões pessoais, ou meramente trazida do senso comum, então o menos importante é opinião pública sobre gosto... Mas a repercussão e a discussão, esta sim é bastante produtiva, sobre tudo aos tabus sobre a nossa genitália (nascemos com ela).

Existem mais camadas a serem lidas, que apenas o nu. Claro que o discurso raso fixará a discussão na moral e bons costumes... Sem levar em consideração que NÃO é pornografia, muito menos sexo explícito... Trata-se de um nu artístico (como em muitas pinturas e esculturas clássicas).
Como artista, citarei algumas possíveis leituras da obra.

Além de quebra de tabu, a leitura simbólica que fiz de letra x imagem foi que:

-Trata das 49/50 pessoas que o autor se relacionou;
-Trás a discussão de padrões (os modelos não seguem nenhum padrão ditado), bem como sobre sexualidade;
-Que de todas as pessoas, "eu escolhi você", do jeito que você é, independente de 'imperfeições';
-Cita a dificuldade de escolher um alguém, que se for 'perfeitinho' não é o que nos faz bem ou o que nos escolheria
-Mas que de todas as opções, 'eu escolhi você'.
-Ainda mais, lacra em um comentário em rede social falando: Gente, calma é só piru e ppk.

Em suma, arte tem este poder: estabelecer diversas possibilidades de leitura, dependendo da vivência do receptor. O "calma gente" dela se refere à repercussão, não ao conteúdo artístico lido pela nossa subjetividade e as críticas moralistas/conservadoras.

Eu abordo diversas leituras nas aulas de arte, mas algumas escolas insistem em manter "arte e ofício", reduzindo a arte a afazeres artesanais.

E mais: estamos numa sociedade de analfabetos visuais.

domingo, 13 de março de 2016

A situação epistemológica do Brasil

Existe um grande desserviço relacionado ao conhecimento no Brasil, isto desde sua origem, principalmente levando em consideração que a primeira universidade do país surgiu quase 400 anos após sua descoberta. Esta terra já nasceu sobre o crivo da exploração, tendo como donos, a escória exilada de Portugal para cuidar das tais capitanias hereditárias.
Toda e qualquer luta por independência (seja ela qual for: colônia, escrava, religiosa ou social) tem sofrido muita resistência devido a posição extremamente conservadora dos detentores do poder (que inclui o setor privado, grande mídia, interesses comerciais e acordos com grandes potencias exteriores).
Quando um cidadão define seu posicionamento político como esquerda, normalmente ele sabe bem os motivos pelos quais toma tal posicionamento, mas a sociedade em geral se condiciona a chama-lo de comunista ou socialista, justamente por não ter a menor noção do que significa cada um destes títulos.  Fazendo uma analogia simples, é como não saber separar material reciclável de orgânico.
Como uma nova tendência é se manifestar,  e isso tem muita força, no começo da segunda década de 2000, havia uma pauta segura que faziam todas as esferas públicas temerem o poder das ruas. Mas como os órgãos de inteligência se preocuparam em dispersar a população e notou que a repressão de inicio não funcionaria, trataram de conhecer o cidadão e sentir suas angústias: caminho correto para quem quer resolver o problema. O fato é: a estrutura conservadora não pretende resolver problemas que a beneficia, mas perpetuá-la. Então foi criado todo um mecanismo de manipulação e coerção social que conseguiu de certa forma corromper valores de quem não tinha um posicionamento seguro e jogar mais para o extremo, posicionamentos de direita, o que inevitavelmente dividiu o país e fomentou o ódio que vemos nas ruas e em redes sociais.
O grande risco disso tudo é quando as massas passam a replicar informações prontas que foram cuidadosamente preparadas como uma armadilha. Então as pessoas de forma cômoda reproduzem tudo que é dito pela mídia sem colocar um crivo de analise pessoal e intelectual. Manifestam-se contra uma crise nacional, sem levar em consideração caráter internacional dela.
Existe a frequência de pessoas humildes que foram visivelmente beneficiadas pelos governos sociais depondo contra ou também replicando factoides. Mas de modo geral, estas pessoas não devem ser condenadas, pois estão na ponta deste processo e muitas vezes não possuem o discernimento, não por incapacidade, mas por total falta de condições que lhes permitam ver a situação de forma multifocal. Mais uma vez fazendo uma analogia, desta vez relacionando a visão da população ao cabresto.
O condicionamento está tão intrínseco, que mesmo sabendo que as pautas de manifestações são de figuras populares justamente por escândalos, parte da população colocam uma fé ensandecidas de qe estes sejam a solução da nação, inclusive clamam por intervenção ou ditadura militar - um saudosismos que desconhecem, pois a propaganda positiva destes modelos foi também feita pela grande mídia que foi patrocinada por tal regime.
De qualquer forma, por mais inconstante que seja o momento que estamos vivento, ele será de grande valor para as gerações futuras, gerará grandes estudos sobre nossa sociedade assim como a história política que cita Getúlio Vargas, JK e João Goulart.
Outro fato que não é incomum são pessoas que estão entre os 30 e 40 anos, semianalfabetas, não gostam ou não pretendem estudar que relaciona o desastre pessoal de suas vidas ao atual governo por não conseguirem um emprego. Temos que analisar por outro prisma: com as melhoras sociais, a concorrência cresceu bastante. Não é difícil também negros e nordestinos serem alvejados por discursos similares. Está mais fácil jogar a culpa no outro ao avaliar pontos de melhoria em si próprios – este também é um perfil de radicais de direita.
Quando jovem tinha este pensamento também: “que bom que a educação está ruim, assim terei menos concorrências!”, depois que fui para a docência/pedagogia, mudei completamente este pensamento e vi que o bem estar social depende do outro e que a minha única e exclusiva ascensão não mais me bastava, daí, meu posicionamento de esquerda, pois como disse Tico Santa Cruz, “o muro não me cabe”. Não me cabe por ser radical, mas por não ser omisso. Não me cabe por ser imparcial, mas por não ser ignorante. Não me cabe por ser conformado e dez esperançoso, mas por ser humano, no melhor sentido que enxergo nele.
Então um recado para todos que buscam o mercado e melhores condições de vida (recado este não relacionado às pessoas que passam forme),  é hora de seguir o exemplo de Steve Jobs e entender que “bom o suficiente não é o suficiente”. Digo que caiu do cavalo quem achava que as politicas sociais como o Bolsa Família seria apenas para manter “vagabundo” e algum partido no poder. Ela serviu como catapulta para pessoas que só precisavam de uma oportunidade -  e digo: muitas pessoas foram beneficiadas e deram grandes saltos sociais.
Em momento nenhum e em lugar nenhum o mundo é lugar de vida fácil e mansa, e a meritocracia só beneficia herdeiros, não ao trabalhador. Coisa que vem sido repensada desde a Revolução Francesa. Então recorrem a ditaduras para que cabeças não rolem novamente nas guilhotinas.

domingo, 6 de março de 2016

Trabalho de Fotojornalismo com alunos (ASSUSTADOR)

Esta semana, realizei um trabalho de fotojornalismo com os alunos de um dos Colégios em que dou aula...

Eles deveriam fotografar o bairro e criar uma manchete para cada foto.
Confesso que tomei um grande susto: Eles não conseguiam olha nada de bom... Seus olhos estavam treinados para o ruim e para o pessimismo.

Só tenho uma conclusão: nossa mídia cria pessoas fadadas a infelicidade, que buscam no consumo em padrões exteriores e distantes de beleza algo para se espelhar, pois o que tem não lhe são suficiente (a mesma mídia que noticia é a que vende).

Então parei a experimentação, olhei em volta e falei: "tá vendo aquele carinho de coleta seletiva? Não é algo legal no bairro? E os garis trabalhando? E os homens fazendo manutenção nos cabos no poste? E estes recapeamento da rua? E este mato todo cortadinho? E esta sinalização de transito devidamente reformada?".

Sim... É assim que eles entendiam a notícia, pois só são bombardeados pro este tipo de notícia! Não concebem imprensa que não seja pautada na tragédia, na desgraça e no pessimismo. Não conhecem a imparcialidade, possuem o olhar treinado ao erro, ao ruim...

Existem mais profissionais que diagnostica estas coisas na sua prática diária e intervem imediatamente? Ou também já estão condicionados?

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Sobre os Macaquinhos que invetigam o que é deles

Eu prometi pra mim que não falaria sobre isso, mas não dá! Muita gente perguntando e falando... Tenho que me posicionar...

Sobre a PERFORMACE dos MACAQUINHOS que INVESTIGAM os ÂNUS uns dos outros:

Esta manifestação é uma performance que não está relacionado nem ao sexo, nem a arte tradicional que conhecemos hoje (que já foi chamada de acadêmica um dia). É muito cedo para alguma definição e acho que sem humano nenhum está habilitado para bater o martelo e classificar isso no momento.

Estamos vivendo algo chamado de Arte Contemporânea... E repito: é muito cedo para dizer o que é Arte Contemporânea ou não.

Um dos principais combustíveis da Arte é nos fazer pensar e sentir, além do termo em Arte chamado "estranhamento" ou "estranheza". Sem falar que Arte reflete a sua sociedade vigente.

Se Arte é fazer pensar e sentir... Se Arte reflete nossa sociedade... Se Arte pretende ser polêmiva, temos uma justificativa:

As pessoas estão mais preocupadas com o que as outras fazem com o seus respectivos cus que nem percebem que estão fazendo parte do objetivo maior da performance (todo o supracitado).

E de verdade... Sorte deles que estão ganhando "tanto dinheiro" como que é deles, sem roubar ninguém, como políticos... Sem matar ninguém como o tráfico e drogas... Sem destruir ecossistemas, como a Vale...

E outra... Está aberto ao público mediante sua opção pessoal de entrar para ver ou não...  Não dizendo que isso é Arte ou não, mas a Arte não está interessada em ser colocada na caixinha ou que você a classifique (como você já faz com religiões, raças, situação econômica e afins)... Arte é muito mais que tudo isso e não se dobra ao ego ou moral humana.

By Robson Quirino Salvador